A paixão é comparada ao fogo: intensa, forte, quente, envolvente e extremamente sedutora. Não manda aviso que está chegando nem pede licença para entrar em sua vida.
Algumas pessoas temem a paixão pelo movimento de entrega que ela implica. Paixão é envolvimento, o apaixonado mistura-se ao outro e às próprias expectativas em relação ao outro.
Usamos o termo “cegos de paixão” , porque realmente esta “dança” parece algo cega, não “enxergamos” o outro como se houvesse entre nós, uma cortina de fumaça, composta por nossas ilusões , fantasias e desejos. Na paixão enxergamos apenas o que queremos ver, nossas necessidades , nossa completude.
E o que isso significa? É ruim a paixão? Saúde ou loucura?
Toda cegueira traz consigo a escuridão e a insegurança. O sentimento de segurança não se desenvolve a partir de nossos olhos, mas dentro de nós. O que nos protege contra o medo é nossa certeza de poder superá-lo. A paixão é uma forma de envolvimento emocional; o que possibilita o permitir-se apaixonar é a sensação de individualidade; quando sabemos quem somos e o que desejamos, a paixão chega como um movimento que acrescenta e nos transforma, mas, quando estamos perdidos dentro de nós, frágeis e imaturos, a paixão torna-se perigosa e viciante, nascem as relações doentias onde o outro passa a ser a parte que necessitamos insanamente.
A maturidade emocional traz segurança e parâmetro para nos lançarmos na paixão. Isto não significa “medir” o quanto se entregar, ou envolver-se de forma moderada tentando evitar um possível sofrimento, pelo contrário, significa ter internamente a certeza que existe um “eu” que está se apaixonando, capaz de se defender e que não “desintegrará” com uma frustração, sofrerá sim, caso se decepcione ou não for correspondido, mas, certamente sairá renovado e fortalecido dessa experiência.
A paixão é um movimento intenso onde reina a emoção e onde a razão de nada ou pouco interfere. Como todos os “movimentos” humanos, pode ser positiva , à medida que possibilita crescimento e transformação, ou negativa à medida que torna o indivíduo alienado e dependente emocionalmente.
O ser humano necessita amar e ser amado para se desenvolver. Existem várias formas de amar, acredito que o amor é um sentimento que conquistamos, implica em carinho, ternura, gratidão, companheirismo, desejo, amizade, aceitação, e muitas outras coisas, mas, principalmente implica em conhecer o outro.
É comum as pessoas se apaixonarem por alguém que conhecem muito pouco, simplesmente, porque a paixão vem de outra esfera, a esfera da ilusão, tão necessária para nossa vida. Com o decorrer da relação, e ao passo que as pessoas vão se conhecendo melhor, suas qualidades e desejos , suas particularidades, ela vai naturalmente tomando novas formas podendo se transformar em amor, amizade, ternura ou – nas piores hipóteses – nas relações doentias, onde reina outros sentimentos como raiva, posse, inveja, mágoa, e ressentimento.
Muitas vezes nos relacionamos buscando no outro o que não temos, ou o que pensamos que não temos. Nas relações patológicas o outro passa a desempenhar o papel, ou a função que temos dificuldade. Por exemplo, se não sabemos nos defender, colocamos o outro como nosso defensor ao assumirmos a posição de vítimas, enquanto poderíamos usá-lo como modelo, aprendendo com ele a nos “auto proteger”, a sermos mais seguros e assertivos em nossos desejos e responsáveis por nossas atitudes.
O caminho que cada relação vai tomar, dependerá da saúde emocional de cada um dos envolvidos. Devemos cuidar de nossa saúde emocional, da mesma forma que cuidamos de nossa saúde física, pois ela interfere em todas as relações que fazemos, sejam pessoais ou profissionais e em nossa busca de viver de forma prazerosa e feliz.
Em síntese : Paixão é vida, é arriscar, é ousar, é envolver-se, é sentir e não apenas pensar. Aprendemos com a experiência a avaliar a relação custo/benefício de nossos atos, mas também aprendemos que a vida não pode ser conduzida pelo medo, pois é preciosa demais para ser desperdiçada.
Então…, você ainda tem medo da paixão?
Direitos Autorais deste texto – Dra. Sirley Santos Bittu.
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