MEDO palavrinha conhecida de todos nós. Quem já não teve medo de algo? Inúmeras pessoas sofrem com seus medos, mas poucas são capazes de admiti-los, principalmente para não se sentirem infantis ou ridículas.
Há vários tipos de medos, aqueles que sabemos por que existem e aqueles que nem imaginamos de onde vêm. Nas duas alternativas nos sentimos impelidos a fazer algo. Por vezes o medo é tão terrível que algumas pessoas simplesmente travam como se perdessem as forças para enfrentá-lo. Outras reagem no impulso agredindo seu provável agressor. As reações dependem de um conjunto de características pessoais onde se incluem sua forma particular de entendimento do mundo e suas características de personalidade influenciadas pela saúde emocional de cada um.
Paradoxalmente o medo nos serve como parâmetro quando está aliado a dados de realidade. Neste caso, damos a ele o nome de cautela, sensatez e até mesmo maturidade.
Em outros momentos o medo está relacionado à nossa área da ilusão e da fantasia. O medo do escuro, de baratas, de ratos ou até mesmo da morte, nasce da mesma matriz. A sensação de fragilidade e da necessidade de se proteger correlaciona-se à nossa autoestima e às nossas crenças. Mas não podemos esquecer que estamos falando de um sentimento e, portanto, é dominado pela esfera das emoções e não da razão.
É comum ouvir frases do tipo “racionalmente eu sei que a barata nada pode fazer contra mim, mas é algo mais forte que minha razão, o medo toma conta de tal forma que perco o controle, corro, grito e se não tiver como fugir, chego até a desmaiar”… estes e outros relatos são comuns no consultório quando falamos de medos.
Alguns dos caminhos utilizados para tratá-los em psicoterapia, é a busca de significados associados. Geralmente um medo está entrelaçado a uma cadeia de significados. Para facilitar a compreensão imaginem uma cebola: a camada mais visível seria a fonte de temor (barata, bola, bexiga, água, namorar, dirigir etc…) e as outras, até chegar ao miolo, seriam os outros significados associados. O núcleo ou o que gerou o problema relaciona-se à sua história de vida, ou seja, os fatos propriamente ditos, captados pelas “lentes” de suas características pessoais, por exemplo, sua forma de vivenciar, perceber e entender os acontecimentos. No Psicodrama utilizamos jogos, trabalhos em grupo, dramatizações e psicodramas internos para atingir esses esclarecimentos, ao passo que se trabalha a percepção de si, o autoconhecimento, o fortalecimento da autoestima e da autonomia. Fantasia e realidade, mundo interno e mundo externo, são considerados dinamicamente.
Era prática comum associar medos a “coisas de criança”, ou “coisas de mulher”, subestimando os males causados por esse sentimento e ao mesmo tempo associando um caráter de fragilidade àqueles que o assumissem. Isto fez (e ainda faz) com que muitas pessoas deixassem de falar sobre seus sentimentos e principalmente demorassem a descobrir que os medos podem ser tratados e resolvidos à medida que aprendemos a lidar com eles. Muitos homens sofreram e ainda sofrem com esse preconceito, mas felizmente na atualidade as pessoas estão cada vez mais voltadas a uma melhor qualidade de vida, buscando ajuda para suas questões com profissionais especializados.
O medo é o termômetro humano para a preservação e proteção da própria espécie. Quando passamos a evitar a vida (como se fosse possível) por medo de vivê-la, estamos “usando” este sentimento nocivamente.
Portanto se você tem algo que lhe incomoda, qualquer tipo de medo, não importa se for de bichos, coisas, objetos, ou mesmo de se relacionar, não deixe de procurar ajuda, pois certamente você estará trabalhando em prol de sua liberdade, transformando sua vida num caminho mais prazeroso e feliz.
Considero este tema muito amplo e interessante. Neste artigo abordei apenas algumas faces desta questão. Existem obviamente outros graus de medo muito mais limitantes como o Pânico e outros tipos de Fobias por exemplo, que abordarei nos próximos artigos.
Direitos Autorais deste texto – Dra. Sirley Santos Bittu.
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